Caro leitor,
Em toda minha vida, sempre me considerei muito transparente. E assim como cada um de vcs, tenho comportamentos bem próprios meus. Um deles está ligado a temperatura das minhas mãos. Já ouvi falar em curso para energização das mãos. Pode até parecer ridículo a primeira vista. Mas há muitos ramos da saúde e muitas culturas que acreditam que mãos frias é um sinal de problema. Se não me engano o reiki acredita nisso. E talvez, eu acredite. Porque ao longo da minha vida, minhas mãos sempre estiveram constantemente frias enquanto eu vivenciava uma sensação semelhante a algum tipo de perda. Quando falo de perda, falo no sentido genérico. Perda da inocência, propriamente dita.
Acontece que esse ano, decidi crescer. Virar mais homem em 2012 e menos menino. Em determinados momentos, a vida ensina isso a gente. Outro dia li sábios dizeres sobre a vida. 'Aprendi a amar menos, o que foi uma pena, e aprendi a ser mais cínica com a vida, o que também foi uma pena, mas necessário. Viver pra sempre tão boba e perdida teria sido fatal. ' (facebook de Daniela Carauta, haha!).
Talvez seja essa a meta. Ser mais cínico com a vida. Então decidi tomar algumas decisões drásticas, para um bem maior. A primeira delas é tentar priorizar o meu (provável) ultimo ano de faculdade. Isso inclui abrir mão de atividades que possam me tirar do foco (como o futebol de madrugada que eu tanto gostava) e outras coisas que nem vale a pena citar. Deixo claro, isso não inclui deixar de me divertir ou de fazer atividades prazerosas. Voltei ao teatro por acreditar que é uma atividade que me faça manter o foco, além de moldar e consolidar muitos conceitos que tenho sobre a vida.
Nessa tentativa de mudar alguma coisa ganho muito. E perco muito. Toda perda reside de um luto. Atualmente me questiono se meu luto é real ou irreal. Essa semana, pela primeira vez em minha vida, uma paciente que eu cuidava veio a falecer. Hoje testemunhei uma tentativa mal sucedida de reanimação cardíaca. E nessas horas, confesso sentir uma saudade de voltar atrás e voltar a ser menino. Mas a vida não deixa. O mundo não deixa. Talvez nem as pessoas que me cercam deixem.
Crescer dói tanto porque perdemos muito ao longo do caminho. E surpreendentemente, no momento em que me vejo mais ‘enlutado’, vejo minhas mãos quentes. Para os religiosos, esse deve ser um sinal divino que me motiva a seguir em frente. Para os céticos, isso é só um sinal de que estou no caminho certo. Mas eu sinceramente prefiro acreditar que essa é uma tentativa muito bem executada do meu corpo de enganar minha mente a não se lamentar tanto e seguir em frente. Porque não estamos falando apenas de perdas. Estamos falando de crescimento.
E assim tento continuar seguindo. Crescendo. Mantendo o calor em minhas mãos.
Hey leitor, obrigado pela leitura!