Duelo de egos

Era um casal de namorados recém separados. Havia muitas expectativas quebradas dos dois lados. Os seis meses que estiveram juntos foram rompidos por várias crises de ciúmes de ambos. Concordavam que nada daquilo fazia sentido. Acharam melhor seguir suas vidas separadamente.

Ela passou a se redescobrir. A cada fim de semana freqüentava uma balada nova. Se o dono desse blog é mestre em relacionamentos rápidos e mal acabados, Juliana, com apenas 24 anos, certamente possuía doutorado do mesmo titulo. Massageava seu ego constantemente conhecendo e desconhecendo novos homens.

Ele, aos 28 anos, e com um atestado de carência, conheceu outra mulher dois meses depois da separação. Logo começou a namorar. A nova companheira de Antonio se mostrava sempre submissa, o que dava a aparente sensação de paz. Havia paz. Mas não havia felicidade. Porque a felicidade ás vezes vem do conflito. Meio sem querer, começou a sentir a falta da antiga namorada. Aos poucos, voltou a procurar-la virtualmente.

Todos sabem que nesse mundo moderno não conseguimos omitir nada de ninguém. Juliana negou a existência daquele frio na barriga ao ver o status de “namorando” de Antonio no Orkut. Negou os ciúmes e as saudades. Não negou, porém, a boa educação. Combinaram de se encontrar em uma antiga balada com amigos em comum. Antonio optou por não levar a nova namorada. E como de costume, não houve conflito em sua decisão.

Após vários meses de distancia, Antonio e Juliana se reencontraram. Em meio a tantos amigos, conversavam amigavelmente. Até que, propositalmente, Antonio citou sua namorada para seus as pessoas em sua volta. Buscava antes de tudo uma reação de ciúmes em Juliana. Repetiu a ação diversas vezes. Mas Juliana se manteve calada. Apesar do ciúme enlouquecedor que sentia, ria e conversava normalmente. Aparentava se divertir. O ciúme a corroia por dentro e Antonio sabia disso. Seu ego alcançava as nuvens. Assim como a raiva contida por Juliana.

De repente a situação se inverteu. Juliana teve um minuto de lucidez. E resolveu aplicar o que fazia de melhor em sua vida de solteira: não ficar sozinha. Rapidamente conheceu um cara qualquer, por intermédio de outro amigo. Trocou beijos com o desconhecido. Não fazia isso por atração física, muito menos por gostar daqueles assuntos futebolísticos idiotas. Fazia aquilo para vingar seu ego ferido. E foi um soco no estomago de Antonio. Juliana tinha virado o jogo. E as pessoas em sua volta notavam a diferença. E Antonio permaneceu ali até o final da noite. Com o ego ferido.

Juliana, rapidamente se livrou do desconhecido. Como os outros, havia notado a diferença no comportamento de Antonio. Dois dias depois ao ocorrido, partiu dela a procura. Encontraram-se em uma sorveteria calma. Quase instintivamente, começaram a discutir a relação inexistente.

Antonio confessou não estar feliz com sua namorada. Juliana admitiu que aquela vida promiscua não fazia sentido. Nada daquilo fazia sentido. E desde quando nossos relacionamentos fazem sentido?! E desde quando precisa haver sentido?!

“Não perca tempo com inveja, as vezes se está por cima, as vezes se está por baixo”. Antonio e Juliana não agüentavam ficar por baixo. Não suportavam ter seu ego ferido. Usavam e abusavam constantemente das pessoas para se manter em cima. Preciso informar ao meu leitor de um importante detalhe. Quem tem esse comportamento ganha uma passagem sem volta ao inferno.

“E qualquer semelhança com a realidade, não passa de uma mera coincidência”. Agora confesse leitor, quem aqui nunca teve um comportamento semelhante ao de Antonio ou Juliana? Quem aqui vai para o inferno? Eu vou! E espero te ver lá! Peço desculpas se ofendi a religião de alguém. Esse post contém ironias!

Obrigado pela leitura!