Todos os dias pela manha ela aparecia pela janela. Ali, fumava seu cigarro calmamente. Parecia gostar do som das crianças na rua onde morava. Em dias de sol abria as cortinas e aparecia na varanda. Estava sempre olhando aquele velho e feio pé de laranja, sem perder nenhum detalhe do que acontecia ao redor naquela praça. Sejam as babás fofocando ou os cachorros passeando na grama. Parecia fotografar esses momentos tolos apenas com o olhar. Após a detalhada observação, descia acompanhada do seu estojo rosa, papel e prancheta. Apesar sempre estar ciente da paisagem dinâmica que a cercava, gostava mesmo de olhar aquela laranjeira, dividindo as atenções com o lápis e o papel.
Todos os dias pela manha ela era observada. O rapaz da casa da direita estava obcecado por aqueles cabelos curtos e repicados, somado ao charme indescritível que a acompanhava. Compensava sua timidez com a habilidade de arquitetar planos mirabolantes e ousados. Após duas semanas de detalhada observação, finalmente tomara coragem. Havia calculado friamente cada possibilidade de erro. A garota era extremamente pontual, descia ás nove e voltava para casa ás onze. Apareceria com seu cachorro na mesma praça, aproximadamente nove e vinte da manha. O encontro pareceria um acaso, assim como a conversa inicial que pretendia ter. Porque até mesmo os acasos podem ser friamente calculados.
Planejava descobrir o que tanto ela tanto rabiscava naqueles papeis. Chegada a hora, o rapaz decidira agir. De forma desengonçada chegou, soltou seu cachorro e sentou no banco da garota. Observou que ela desenhava uma árvore como havia previsto. Não tardou a perguntar com espantosa espontaneidade:
-Com licença, você tá desenhando essa laranjeira?
A moça mesmo surpreendida por tamanha inconveniência, pareceu se divertir com a pergunta.
-Não isso não é uma laranjeira. Sou desenhista. O que estou desenhando na verdade é uma cerejeira, tendo como ponto de referência esse pé de laranja velho. Faço para me distrair
-E porque usa como ponto de referência essa laranjeira velha e não pega uma imagem de uma cerejeira?
-Já vi várias gravuras de cerejeira, mas o que eu quero mesmo é ver ela pessoalmente. Dizem que a flor de cerejeira é uma das mais belas do mundo e que são sagradas na Índia.
Nessa hora o rapaz tímido tem um trunfo.
-Você sabia que na cultura oriental, a cerejeira era associada ao samurai? Os samurais tinham uma vida curta, assim como a flor de cerejeira ao se desprender da árvore.
A moça estava surpresa. Não pela cultura inútil do rapaz, já que o Wikipédia (sim, eu peguei isso de lá!) poderia dar essa informação. Não se surpreendera pela fala atrapalhada e estabanada daquele rapaz. Havia algo de especial nele. Algo que ela definia como “reatividade”. Cada frase trocada entre os dois era uma reação diferente daquele homem. Ele parecia, de alguma forma como ela não conseguia entender, reagir ao falar. No mundo frio em que vivemos, aquilo se tornara especial, talvez único. Isso a fez ficar mais a vontade, sem se preocupar com o que ele ia pensar.
-No Japão, a árvore é chamada de Sakura. Talvez você já tenha ouvido falar desse nome como um desenho japonês. Eu queria ser como ela quando era criança.
O sorriso daquela garota era encantador
Então o papo fluiu levemente. Besteiras e besteiras foram sendo faladas, acompanhados de sorrisos e reações espontâneas. As 11horas, como previsto, a garota voltou para casa. Nem o nome dela ele sabia. Perdera a chance de perguntar devido á tamanha afobação. Não se sabe se o estabanado rapaz veria a garota de novo. Não se sabe até que ponto aquela conversa boba poderia realmente ter como conseqüência. O que aquele rapaz sabia era que a garota que desenha cerejeiras o encantava de alguma forma diferenciada. E ele não sabe explicar o porque.
Obrigado pela leitura!
Todos os dias pela manha ela era observada. O rapaz da casa da direita estava obcecado por aqueles cabelos curtos e repicados, somado ao charme indescritível que a acompanhava. Compensava sua timidez com a habilidade de arquitetar planos mirabolantes e ousados. Após duas semanas de detalhada observação, finalmente tomara coragem. Havia calculado friamente cada possibilidade de erro. A garota era extremamente pontual, descia ás nove e voltava para casa ás onze. Apareceria com seu cachorro na mesma praça, aproximadamente nove e vinte da manha. O encontro pareceria um acaso, assim como a conversa inicial que pretendia ter. Porque até mesmo os acasos podem ser friamente calculados.
Planejava descobrir o que tanto ela tanto rabiscava naqueles papeis. Chegada a hora, o rapaz decidira agir. De forma desengonçada chegou, soltou seu cachorro e sentou no banco da garota. Observou que ela desenhava uma árvore como havia previsto. Não tardou a perguntar com espantosa espontaneidade:
-Com licença, você tá desenhando essa laranjeira?
A moça mesmo surpreendida por tamanha inconveniência, pareceu se divertir com a pergunta.
-Não isso não é uma laranjeira. Sou desenhista. O que estou desenhando na verdade é uma cerejeira, tendo como ponto de referência esse pé de laranja velho. Faço para me distrair
-E porque usa como ponto de referência essa laranjeira velha e não pega uma imagem de uma cerejeira?
-Já vi várias gravuras de cerejeira, mas o que eu quero mesmo é ver ela pessoalmente. Dizem que a flor de cerejeira é uma das mais belas do mundo e que são sagradas na Índia.
Nessa hora o rapaz tímido tem um trunfo.
-Você sabia que na cultura oriental, a cerejeira era associada ao samurai? Os samurais tinham uma vida curta, assim como a flor de cerejeira ao se desprender da árvore.
A moça estava surpresa. Não pela cultura inútil do rapaz, já que o Wikipédia (sim, eu peguei isso de lá!) poderia dar essa informação. Não se surpreendera pela fala atrapalhada e estabanada daquele rapaz. Havia algo de especial nele. Algo que ela definia como “reatividade”. Cada frase trocada entre os dois era uma reação diferente daquele homem. Ele parecia, de alguma forma como ela não conseguia entender, reagir ao falar. No mundo frio em que vivemos, aquilo se tornara especial, talvez único. Isso a fez ficar mais a vontade, sem se preocupar com o que ele ia pensar.
-No Japão, a árvore é chamada de Sakura. Talvez você já tenha ouvido falar desse nome como um desenho japonês. Eu queria ser como ela quando era criança.
O sorriso daquela garota era encantador
Então o papo fluiu levemente. Besteiras e besteiras foram sendo faladas, acompanhados de sorrisos e reações espontâneas. As 11horas, como previsto, a garota voltou para casa. Nem o nome dela ele sabia. Perdera a chance de perguntar devido á tamanha afobação. Não se sabe se o estabanado rapaz veria a garota de novo. Não se sabe até que ponto aquela conversa boba poderia realmente ter como conseqüência. O que aquele rapaz sabia era que a garota que desenha cerejeiras o encantava de alguma forma diferenciada. E ele não sabe explicar o porque.
Obrigado pela leitura!
hummm... =]
ResponderExcluirPato, gostei muito do seu blog. Parabéns, é uma leitura gostosa e não é cansativa, voltarei mais vezes. :D
ResponderExcluirEsse texto é encantador...
ResponderExcluirvocê é de que ano?
Achei seu blog no seu face.