Brindo
o leitor com uma pequena parte das minhas reflexões a respeito da minha experiência
na psiquiatria. Penso que todas essas questões abaixo podem (e devem) ser
aprofundadas. E para isso conto com vocês que estão lendo.
(...)
As
experiências de maior contato com o paciente me fizeram refletir a respeito daquilo
que chamamos de loucura. A loucura, que segundo o senso comum, pertence sempre
aos outros e nunca a nós mesmos. Já me disseram uma vez que o louco é aquele
que foge da realidade. A diferença entre o artista e o louco é que o artista consegue
fugir e voltar. O louco permanece onde esta, sem conseguir se encaixar em
padrões pré estabelecidos. Talvez, em alguns momento de nossas vidas, em
situações de intenso sofrimento, como por exemplo a perda de algum ente
querido, invejamos os loucos por permaneceram em seu estado de alienação e
indiferença.
Com
o tempo, não consegui enxergar o perfil dos loucos e sim pacientes
psiquiátricos. Todos que estavam ali se relacionavam de alguma forma com a
realidade. Seja em gestos simples como responder pelo próprio nome ou estender
a mão para apanhar o medicamento.
Em
contra partida, testemunhamos muitos profissionais que demonstraram o desejo de
uma evasão daquela realidade vivenciada. (...) Não podemos apenas culpa-los.
Trabalhar em um hospital psiquiátrico nos faz questionar a respeito de quem
precisa ou não de tratamento.
Questiono
a respeito da definição de loucura. Talvez não haja cabimento a utilização do
termo, visto que todos possuem momentos de alienação para com a realidade. Cabe
nesse momento citar a famosa frase de Caetano Veloso: “de perto ninguém é
normal”. Somos todos potenciais pacientes psiquiátricos, e em alguns momentos
loucos.
(...)
Talvez alguém que esteja lendo
esse blog ou a outros blogs só esteja buscando momentos de evasão da sua própria
realidade. Assim como eu no ato de escrever. De qualquer forma, obrigado pela
loucura!
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