Deferia ser contra. Porque faço enfermagem. Se fizesse
medicina, obvio; deveria ser a favor. Afinal não é o que acontece?!
Tento me distanciar do que faço e analisar a questão
buscando a neutralidade. Vejo posicionamentos extremamente polarizados.
Eu fico pensando se em meio a esse embate fosse comprovado
que algum lado estivesse certo. O lado errado abriria mão de seu
posicionamento?
No meio em que estou, dizem que os médicos são
centralizadores e individualistas. Do “outro lado” dizem que as outras
profissões da área e da saúde querem assumir responsabilidades que não as competem,
porque no fundo querem ser médicos. É o bem contra o mau. Só não me disseram de
que lado estou.
Eu vejo ódio disseminado em meio a esse conflito. Mas uma
parte (provavelmente muito ingênua) minha acredita no bem das pessoas. Torço
para que essa irracionalidade escancarada seja filho abortado do amor daqueles
que defendem suas profissões “com unhas e dentes”.
Pensando assim, talvez eu consiga ser otimista. Pensando
assim, talvez eu comece a entender que esse sentimento una e não separe todos.
Pensando assim, talvez eu entenda melhor as o efeito das loucuras do amor. Num âmbito
profissional, obvio. Não me peçam para estender essa parte especifica da reflexão
para outros setores; acho que não dou conta.
Essa loucura, como foi dito, beira a irracionalidade. E
fazem ambos os lados falarem do paciente. E esquece-lo ao mesmo tempo.
Vou sobrevivendo em meio a esse caos, desejando, do fundo da
minha alma, debates e aprofundamento do tema. De ambos os lados. De forma
cordial e respeitosa. Seria possível (?)
Alguns anos atrás eu dizia que debates políticos eram meras
burocracias e eternos faz de conta ou que não levavam a lugar algum, porque
nenhum “dos lados” iria ceder. Hoje me pego desejando um pouco mais dessa
burocracia. Não para se chegar a uma
nova conclusão. Mas numa tentativa de racionalizar o “irracionalizavel”. E me
fazer não querer mais ficar alheio a tudo isso.