quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Machismo ou fetiche? Eis a questão

Caro leitor,
Ando aprendendo algo que todos, em teoria, dizem ter. Opinião. Confesso que gosto de assuntos polêmicos. Minha tendência em relação a eles é ficar em cima do muro. Mas sempre levo em conta os vários lados existentes entre eles. Quando tenho uma opinião formada, ela costuma a ser bem forte. E polemica. Já causei polemica ao falar disso uma vez. Causo de novo. Até porque hoje tive uma excelente reflexão a respeito desse assunto. E confesso, hoje tenho mais duvidas do que certezas ao opinar a respeito da “objetificação” das mulheres. Talvez a opinião de quem leia isso aqui possa abrir (mais) minha cabeça. Ou talvez eu abra a cabeça de alguém. Vamos lá:
A algum tempo atrás um escritor botou a mão entre as pernas da panicat Nicolle balls. Ele falou algo muito interessante a respeito daquela atitude inusitada e desrespeitosa:
-As mulheres não são objetos mas deveriam parar de se comportar como tal.

É preciso, em primeiro lugar, deixar claro que a fala dele não justifica qualquer atitude de violência sexual/estupro. Me sinto na obrigação de ressaltar que é impossível defender esse ponto de vista. Mas pelo menos em mim causou uma série de reflexões.
Vivemos em uma sociedade machista, isso é fato. Assim como ainda vivemos em uma sociedade racista. E preconceituosa. Faço uma analogia ao racismo até para provocar o leitor:

Não vivemos mais no tempo da escravidão. Mas existem historiadores que defendem que o negro foi um agente histórico, ativo da escravidão. A começar que negros da áfrica comercializavam prisioneiros de tribos rivais. O negro já tornava o outro negro escravo. E quando um negro era livre, a primeira coisa que ele fazia era comprar um escravo.

E com as mulheres é diferente? Esse é o grande questionamento desse texto.
Existem movimentos feministas diversos que lutam contra o machismo. A marcha das vadias é um deles. Tenho aprendido a admirar esse movimento.
Porém, eu acreditava que existem mulheres que, em contra partida, contribuem para manutenção do nosso machismo de cada dia. O tempo verbal da frase acima é importante. Explico: panicats, ringgirls e afins TALVEZ se prestem ao trabalho de se representarem meros objetos sexuais frente a televisão.
É o que grande parte da mídia coloca. Independente delas se colocarem nesse papel ou não, preciso deixar claro: elas podem fazer isso. Não sou ninguém para julgar e criminalizar as atitudes delas. Mas é preciso parar e pensar que esse papel, no mínimo, leva a interpretações errôneas de grande parte da sociedade que ainda não progrediu em termos de mentalidade tanto quanto na tecnologia.

Defendo as profissionais do sexo com unhas e dentes. Ando preferindo esse termo a dizer prostituta ou puta. Até porque existem homens e travestis que se prostituem. O termo profissionais incluem ambos gêneros. Sou contra a objetificação dessa parcela da população. Aprendo muito com elas em meu trabalho de conclusão de curso. Mas será que elas não se colocam no papel de meros objetos sexuais?  Acredito que não...

A representação social dos profissionais do sexo está mudando. Sei que existe uma nova tendência a realizarem fetiches de forma tranquila e segura ao cliente. Elas podem oferecer grande influencia no imaginário de quem requisita seus serviços. Propagadoras do fetiche e não do machismo e a gente nem saiba.
E nesse caso, talvez nem as panicats sejam agentes históricas de uma sociedade machista. Só sejam pessoas que estejam ali, semanalmente em frente a TV, exercitando o imaginário e os desejos sexuais de grande parcela da sociedade. Sinceramente, não sei o que pensar.

Afinal, o que é o fetiche? Ainda careço de fontes para opinar. O buraco é mais embaixo. E a única coisa que eu sei, é que hoje eu consegui abrir minha cabeça ainda mais para esse tema. Talvez tudo não passe de uma questão interpretativa. Pensemos a respeito! (:

Um comentário:

  1. Comecei a ler o texto e fui ficando com raiva, mas depois vi que você não tava falando o que achei que queria falar, e fiquei tranquila.

    Sobre fetiche, etc. Cara, a sexualidade humana é tão, tão diversa. Pode ser tão, tão bizarra (basta ver a quantidade de tipo de pornô que temos por aí)que é simplista demais achar que ou é uma coisa ou outra.
    Não é pq um cara se excita com uma mulher numa propaganda de cerveja que ele a está objetificando (aqui, eu mesma posso fazer várias ponderações, negando meu próprio argumento); mas o que eu quero falar é que as coisas se mesclam, e tem fronteiras borradas.
    Acho que até boa parte do desejo é aprendido. Você aprende a desejar determinado tipo de coisa (por ex: o homem, hoje, aprende que tem que gostar de mulher com mamilo rosa, e sem pêlos). E o desejo vai mexer com sua sexualidade.
    Acho que uma profissional do sexo pode sim, propagar o fetiche, e não o machismo, não se colocando numa posição de objeto. Mas talvez dependa também da observação do seu cliente.

    Acho que falei, falei, e não falei nada.
    Depois a gente fala sobre isso ;D

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