quarta-feira, 24 de novembro de 2010

curiosidade

O rapaz se encontrava em uma roda de conversa junto professores e outros estudantes. Todos ali faziam parte do PET. Um projeto extracurricular.

- Quero que você cite aspectos encantadores e aspectos não encantadores que tem vivenciado no PET.

A pergunta pareceu inadequada. “Encantador” era uma palavra muito forte. Ainda sem saber se foi por uma real coragem ou apenas uma vontade de aparecer para as menininhas bonitinhas que ali estavam, decidiu expor suas verdadeiras reflexões.

- Com o PET, ganhamos mais uma chance de observar a realidade local. E essa oportunidade é muito rica. Quando vejo que eu, com apenas dois anos de curso, tenho a chance de visualizar a nossa realidade, com tão pouco tempo de experiência, fico realmente encantado. Porém, a realidade que nós profissionais da saúde estamos inseridos, é uma realidade muito hostil. E eu como novo na área de saúde acabo me privando de projetos e sonhos maiores devido a essa noção maior do que acontece. E deixar de sonhar é a parte que em nada encanta.

Enquanto discursava, o rapaz percebeu que a menina bonitinha que se encontrava em sua frente, começara a olhar de forma diferente. Uma das professoras mais respeitada ali fez o mesmo, assim como seus colegas ao lado. Quando se deu conta, havia uma sala inteira o olhando de forma diferente. Objetivo comprido. Era o centro das atenções. E nada mais daquilo importava. Será que disse que disse algum absurdo? Será que essa forma de ver as coisas era tão particular que os outros não conseguiriam compreender? Ou será que sua fala foi tão rica que excedeu as expectativas daquele encontro?

Nada sobre o assunto foi comentado. E ao final da reunião continuava se questionando sobre sua forma de expressão.

Dirigindo para casa, não conseguiu obter resposta. E por isso, resolveu ouvir a opinião de seus leitores. Ou a opinião de ninguém.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Duvida

Quando eu era pequeno, sonhava em ser herói. Não havia curso de heroísmo na UnB. Optei pela enfermagem. Achava que ia conhecer pessoas bacanas, compartilhar sonhos, formular projetos mirabolantes. Achava que me dava bem com pessoas.

Então lá fui eu. Calouro tosco querendo mudar o mundo. Conheci pessoas bacanas, compartilhei sonhos e formulei projetos mirabolantes. Bem...Minhas amizades não se solidificaram, meus sonhos foram destruídos e meus projetos são fracassados.

Projetei relacionar mágicas com ações socioeducativas buscando hábitos saudáveis da população. Um sonho tão grande e ousado quanto desafiar a gravidade a pé. E eu me perdi nesse sonho. Fico perdido na minha própria ansiedade. Simplesmente não consigo manter o foco.

Vejo colegas e profissionais incapazes de olhar para o próximo de forma qualificada, levando criticas para o lado pessoal todo tempo. Testemunho pensamentos simplistas e limitados. Observo o cansaço alheio que acaba se tornando meu próprio cansaço.

Participo de conversas onde pessoas falam das belezas da Rússia e da França. Minha realidade, no atual momento, é Samambaia e Taguatinga. Não tenho perspectiva de melhora. Daqui a 3 anos, estarei na ponta de um sistema que não funciona. Questiono, todos os dias, se estarei preparado para isso.

É nessas horas prefiro simplesmente não pensar. É nessas horas que eu desejo não conhecer a terrível realidade brasileira. Sentar num bar, relaxar e falar sobre as belezas da Rússia e da França.

E quando o regresso parece muito mais atraente do que o caminho pelo qual vc escolheu?

E quando voltar para o cursinho parece uma possibilidade muito mais sabia e sensata do que continuar tentando se encontrar na enfermagem? E quando não se enxerga felicidade na atual realidade? O que fazer? Dormir é uma idéia agradável. O sono te priva de pensamentos. Continuo a caminhar, só não sei em que direção.

Obrigado pela leitura!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Espartanos, arturianos e a sociedade moderna.

"My generation is zero, I never made it as a working class hero"

Nunca fui um bom leitor. Cresci assistindo televisão. Filmes de ação. Daqueles que sugerem realidades alternativas, cheias de aventura, ação e porque não, romance. Heróis idealizados Romanticamente. Anti-heróis. De repente, quis virar herói quando crescer. Mas não havia curso de heroísmo na faculdade. Optei pela enfermagem. Fui crescendo. Aprendi a ler. Ler livros de cheios de aventura, ação, muita luta, e porque não, romance.

No fundo ainda sonho em ser herói. Apenas troquei o controle remoto por livros. Um bom hábito. Ainda pretendo reler “Portões de fogo”. O livro conta a história dos 300 cavaleiros espartanos que lutaram contra dez mil persas do rei Xerxes. Mas essa história, caro leitor, vc já conhece. Se não conhecer, saia da internet e vá ler o livro. ;D O que mais me encantou desse livro foi a união dos 300 espartanos. Nem todos eles não se gostavam. Longe disso. Alguns até se odiavam, como é contado. Porém, o sistema de batalha espartano exigia que os guerreiros, com seus escudos, protegessem o companheiro do lado. Eram 300 espartanos, protegendo o companheiro do lado, unidos por um ideal. Esse espírito espartano de união, essa forma com que eles se ajudavam na batalha é de arrepiar. São conhecidos até hoje.
Então sejamos espartanos. Esqueçam as diferenças pessoais e todas as brigas e vamos nos unir. Para que? Para um mundo melhor e mais justo. Vamos lutar pela PAZ?!

Alguns vão dizer que é uma luta perdida, que vivemos em um a sociedade indecente, cheia de pessoas indecente. Vão dizer que deixar nas mãos do acaso é a única forma de se fazer justiça (fala do duas-caras no filme do Batman Darknight).

E para essas pessoas, vou citar Artur. Não o rei Artur das histórias infantis. Mas um Artur descrito por Bernad Cornwell(é o atual livro que to lendo). Filho bastardo de um rei, guerreiro notável, sonhador. Artur idealizava uma Britania cheia de paz. Sonhava em obter uma vida simples, sem batalhas.E mesmo sabendo que lutava por uma causa impossível, Artur não abria mão de lutar pela paz. O resultado disso é que ele é, de uma forma ou de outra, conhecido até hoje. E é um daqueles personagens de livro que vc aprende a admirar com o menor esforço.

Então leitor, sejamos espartanos. Sejamos arturianos. Sejamos pessoas melhores do que somos hoje. Lutemos por um mundo melhor!
Penso em usar essas idéias como um possível discurso de formatura. Haha!
Obrigado pela leitura!

domingo, 19 de setembro de 2010

Um novo olhar


-Professor, aqui tudo é muito chato. Aqui as pessoas são iguais e tem o mesmo perfil. Quando eu estava no ensino médio, sempre me diziam que uma das graças da faculdade é justamente conhecer várias pessoas. Pessoas diferentes, de diferentes idéias, diferentes classes sociais, cursos diferentes, com sonhos e histórias diferentes. E aqui todo mundo é muito igual. Isso me deixa bastante chateado.

-É Vitor. É compreensível que vc sinta falta dessa biodiversidade. E é uma coisa que falta aqui mesmo. Mas pelo que eu vejo do seu estilo de vida, vejo que vc têm muitos amigos. E vc, em sua vida pessoal já busca naturalmente essa biodiversidade. Tanto é que a primeira coisa que vc quando sai do estágio é o que? É procurar gente que atua em outras áreas. Vc busca isso, vc busca esse contato novo.

E de repente, em um desabafo oportunista, um dos meus maiores problemas se transforma em uma das mais fantásticas soluções.

Dizem por ai que na faculdade encontramos vários professores picaretas. Eu digo, as vezes encontramos educadores também.

Ensina a encarar determinadas situações com um outro olhar, é o privilégio de poucos. Conseguir atingir esse nível de maturidade é um desafio.

Apresento a vocês minha mais nova meta.

E a foto expressa um pouco dessa biodiversidade encontrada ao acaso.

“Faço o melhor, que sou capaz, só para viver em paz”

Obrigado pela leitura!

sábado, 11 de setembro de 2010

Certezas

Quais são as nossas certezas da vida?!

Na vida, a única coisa certa é a morte.

Então porque temos certeza das coisas? Cada ser tem certeza de alguma coisa. Certeza de Deus, certeza do amor, certeza de amizades e até mesmo certeza do que será melhor no futuro e do que deveria ter sido feito no passado.

Confesso leitor, odeio pessoas cheias de certeza, convictas.

A vida é um conjunto de oscilações e mudanças. Não há uma verdade absoluta para nada. A verdade varia de acordo com o olhar.

As certezas são imutáveis, inflexíveis. As certezas são tão certas da existência de uma única verdade para tudo, que até cansa.

As certezas são certas.
O resto é incerto.

Mas além da morte leitor, há uma certeza.

A de que não seremos os mesmos depois da leitura desse lapso de reflexão. E que iremos refletir a respeito.

Obrigado.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Conflitos da área de saúde.

Aonde vai para esse mundo? Não sabemos. Tudo que sabemos é que estamos caminhando para uma sociedade sem amor. Essa idéia não é original, vem do instinto blog de uma amiga.

Como a maioria dos leitores aqui sabe, sou estudante de enfermagem. Faço parte de alguns projetos onde tenho o privilegio de interagir com estudantes de medicina. Nesses tempos tenho debatido muito sobre a desunião evidente na área de saúde. O quanto que uma equipe de saúde desunida pode prejudicar o usuário do sistema.

Mas porque a área de saúde é desunida? Não deveríamos estar unidos em prol do paciente?! Não deveríamos esquecer todas as desavenças pessoais e pensar exclusivamente na prevenção, cura ou conforto daqueles que estamos assistindo?!

Aqui no Brasil, nosso sistema de saúde é totalmente centralizado no médico. Dizem que isso está mudando. Não sou tão otimista assim. De maneira geral, médicos desde quando são estudantes, possuem um complexo de superioridade. Não os culpo, afinal o caminho para o ingresso na medicina é torturante. A sociedade vê os médicos como seres próximos de Deus.

Ai vem a enfermagem, uma classe buscando afirmação. Tão importante quanto o medico, mas sem o mesmo reconhecimento. Composta quase que totalmente por pessoas do sexo feminino (sim, eu vivo num harem!). Muita mulher junta é sinal de confusão. E muita confusão mesmo! Tantas e tantas brigas, uma mais idiota que a outra que sou obrigado a testemunhar todo santo dia.

O leitor mais esperto pode concluir que a enfermagem briga entre si desde o inicio do curso de formação. Assim como os médicos. De maneira geral, um quer mostrar saber mais do que o outro. São orgulhosos e arrogantes. Conheço alguns estudantes/profissionais de medicina bem bacanas, pessoas interessantíssimas e acima de tudo com traços de humildade. Essas pessoas trazem um pouco de esperança a esse ser tão pessimista que aqui escreve, ainda que seja uma exceção a regra.

Agora a pior briga que encontramos é entre Médicos e Enfermeiros. Orgulho, vontade de se auto-afirmar e diferenças pessoais. São os principais motivos dessa merda toda. Daí vem fisioterapeutas, dentistas, nutricionistas que se sentem tão desvalorizado quanto o enfermeiro.

E de fato, caminhamos para uma sociedade sem amor. E começamos vendo isso na área de saúde. E aonde o mundo vai parar?

Obrigado pela leitura!