domingo, 16 de junho de 2013

Vamos tomar banho?

O que fazemos durante o banho? Nos lavamos? Certeza disso? Melhor rever seus conceitos, leitor. Quando somos pequenos, muitas vezes odiamos tomar banho. Como no meu caso. Para isso muitas vezes éramos incentivados a levar brinquedos para o banho. E assim ao invés de nos lavarmos, passávamos o tempo inteiro no chuveiro brincando.  Passa a ser uma brincadeira ou uma espécie de terapia, ainda pequenos.
Crescemos. A puberdade chegou. E continuamos passando tempo no banho brincando. Com o nossos próprios brinquedos , é claro. Quando adolescentes, adoramos tomar banho. E gastamos muito tempo com isso... E ai vem uma outra característica importante do banho. O auto conhecimento. Começa na adolescência quando simulamos relacionamentos sérios com as pessoas mais desejadas do nosso mundo. Nesse exercício imaginativo, acabamos nos conhecendo melhor. Ainda bem.

Na vida adulta, o banho é momento de reflexão. Sem tantas brincadeiras assim. Refletimos sobre o trabalho, sobre nossa vida pessoal, sobre aquilo que fazemos diariamente. Dependendo do seu ritmo, o banho é o único momento em que temos para nós mesmos. Seu significado é muito forte. E bem saudável. Vale a observação: Profissionais da saúde recomendam as mulheres que façam o auto exame das mamas no banho. Isso, eu não poderia deixar de relatar.

A questão é que nesse mês, nossos banhos serão fundamentais para nossas vidas. Essa onda de protestos está tomando conta da cidade. Confesso que o fb nunca conseguiu ao mesmo tempo ser tão repetitivo e divertido. Saudades até do twitter. Mas esse mês em que dizem que o Brasil acordou, merece muita reflexão. Não estamos acostumados a grandes manifestações. Não temos a sensatez exata e o feelling* exato para nos expressarmos, mudarmos o mundo e não sermos ao mesmo tempo nem violentos, nem violentados. Talvez isso nem exista, mas acredito que temos muito o que aprender. Ainda não sabemos dosar nossa energia e criatividade para expressarmos nossa opinião. Não me dirijo somente a você,caro manifestador. Me dirijo também a polícia. Ou a quem não quer fazer parte disso. Não acredito em um culpado único das repressões violentas. Daria para divagar bastante a respeito do assunto. Eu precisaria de vários banhos para isso. Quem Le, também. Acho que meu sonho de mundo seriam protestos pacíficos a cada domingo, onde poderíamos levar crianças, cadeirantes e idosos, numa boa. Como um momento realmente de expressão, criatividade e lazer; sem perder a consciência critica e a responsabilidade pelos nossos atos. E claro, que sejamos ouvidos.

Confesso leitor, não sei em que posso colaborar para o desenrolar de tudo isso que sonho. Nem sei se o que penso de forma ideal é realmente o correto. Tudo que eu posso, na certeza que estarei colaborando com o progresso da sociedade, é apenas um pedido: Por favor, tomem mais banhos. Porque assim nós poderemos deixar essa cidade mais limpa. Assim como nosso país.

*Não sei que outra palavra eu poderia usar aqui. Mas sei que ela existe.


PS: sim, pensei no texto durante o banho!  ;D

sábado, 15 de junho de 2013

Manifestação

Sobre o protesto de hoje: Fico impressionado com a calma que eu tenho em meio a desespero e ao caos. Ajudei uma garota que tava surtando de desespero por não conseguir achar os amigos e sem comunicação. Tive que quase trocar de chip com ela em meio a correria. Sem perde-la, e me escondendo de toda confusão. E ainda por cima acalma-la.

Não sei quem começou o confronto, mas o comportamento da polícia estava exemplar até onde eu vi. Estava longe na hora do quebra quebra, mas tive que correr pra não me dar mau. Acho que houve exagero da população em primeiro lugar, se houve mesmo (como me falaram) um movimento a favor de impedir os torcedores de entrarem no estádio. O que realmente provocou o quebra quebra, acredito que nunca saberei. Mas a verdade é que hoje é um dia errado pra tudo e todos. Hoje a cidade nasceu errada. E vai adormecer errada. Essa chuva no final do dia comprova isso.

Brasília paga um preço caro por ser a capital do país. Toda sujeira política desse país vem pra cá. E hoje na esplanada tivemos uma belíssima demonstração de muito daquilo que realmente nos representa: Um povo que acorda para se manifestar tarde (como esse cara que aqui escreve), exageros, de todas as partes e uma festa grande para camuflar tudo. A noite deve ter mais festa. E eu vou. Assim como fui ver o jogo em casa após tudo isso. Eu repudio os extremos. Vou a festas, vou ver futebol, na certeza de que isso não pode me fazer fechar os olhos para a realidade cruel que estou inserido diariamente.


No fim, a garota que eu ajudei disse que eu sou a prova viva de que existem pessoas legais em Brasília. Sinceramente, adorei o elogio. Mas acredito que podemos ser muito mais do que isso.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Turista.

                Saia de seu compromisso a noite. Se dirigia a esplanada. Precisava fazer um reconhecimento de terreno. Vivia naquela cidade durante 23 anos. De repente parecia tudo novo e diferente. Se você acredita em astrologia, saiba que ele era taurino. De fato era territorialista de acordo com o que astrólogos diziam a respeito. Talvez ai o conflito. Esses dias a cidade ficaria estranha. Irião estragar de vez o futebol. Lembrou da primeira copa do mundo. Foi no Uruguai. Estava com a camisa daquela seleção no momento. Se não estava errado, aquela copa contou apenas com 13 seleções. Foi boicotada por europeus. A copa seguinte contaria apenas com 11 seleções...E quantos dos organizadores realmente sabiam disso?
                Estão destruindo o futebol e a sua essência. Irão destruir essa cidade. Amanha é dia dos namorados. Mas hoje (e sempre, talvez,) tenho ótimos motivos para estar de coração partido. Não se trata de uma baranga qualquer e sim do mundo que estou vivendo e daquilo que meus filhos encontrarão.

                Antes do tour começar, o rapaz dirigia acelerado. Parecia um turista ansioso para conhecer tudo. Parou na fonte. Nunca tinha ido a aquele lugar. Era naquele lugar estranho que se sentiu totalmente acolhido. Deixava a água e o vendo bater em seu rosto. Respirava. Um pouco de alívio. O Tour tinha que seguir. Mais duas fotos do que aqueles outros lugares representaram ou representam. Seguiu para o estádio. “A pátria de chuteiras”, avistava em uma placa. Quantos daqueles jogadores sabiam cantar o hino nacional? Porque o escudo é o símbolo da CBF e não a bandeira do Brasil?
                Até aquele mês passar, se sentiria um verdadeiro turista. Para o ano que vem, desejava sair do país. Assim, talvez, se sentiria em casa novamente.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Futebol, suas doenças e a violência.

 Sempre me considerei muito fã de futebol. Fanático talvez. Quando meu time perde, fico sim chateado. Prefiro não transferir para outros campos da vida. Mas também não gosto de comentar. Quando pequeno, queria ser jornalista esportivo. Lia a respeito de futebol, gostava de estudar evolução tática e histórias da copa do mundo. Lembro que aos 12 anos, lia sobre a copa de 70. Sobre como um ditador retirou um técnico do comando da seleção porque ele ousou a peita-lo. E sobre como o Brasil ganhou aquela copa jogando o que contam que era seu melhor futebol de todos os tempos. Um belíssimo instrumento de alienação política e social.
Eu ando pelas ruas e vejo minha cidade mudando. Me desculpem por contar isso a vocês. Mas essa cidade (e esse país) não estão mudando para melhorar. Estão mudando para a copa do mundo. Se vai melhorar com isso ou não, é outra história. É uma consequência que não necessariamente está ligada a planejamento.
Eu vejo pessoas de terno, gravata e sorrisos falsos inaugurando estádios. Belíssimas arenas. Em alguns lugares, belíssimos elefantes brancos. Eu fico me questionando quantos desses políticos que estão ali realmente sabem o que é um escanteio e coisas do tipo.
Enquanto isso em nossos hospitais e escolas públicas, nos deparamos com a verdadeira realidade brasileira; escanteada por aqueles que nem devem saber o que é um escanteio. O futebol é para o povão. Sempre foi assim. Se deus existir, ele em sua profunda sabedoria, com certeza inventou o futebol num domingo para o grande povão ter um bom motivo para sorrir segunda. A vitória do seu time do coração, os lances sensacionais (ou não) daquela partida. O futebol é do povo. E não dessa meia dúzia de burgueses (desses, os quais eu me enquadro) que quase nunca foram em um estádio na vida. Sinceramente não consigo entender irão assistir aos jogos do Brasil por uma grana tão preta. Eu boicotei as copas. Só participo disso se eu ganhar dinheiro. Acho um atestado de estupidez o trabalho voluntário e o otimismo daqueles participam de tudo isso apenas em detrimento de uma grande festa.
Estão maquiando minha cidade. Estão distorcendo a logística do futebol. Tem algo muito errado nessa copa.
Alguém irá dizer que torcedores de baixa renda social são violentos e coisa do tipo e que o publico seleto não faz baderna e nem briga em estádio. Pode até ser. Mas já pararam e pensaram realmente porque tudo isso acontece? “o futebol é o ópio do povo”, alguém inteligente disse uma vez. Concordo. A questão é que exageraram na dose, causando uma certa dependência. Obrigado Médici. Você foi pioneiro disso aqui no Brasil. Tenho vergonha de saber que você foi Gremista. E raiva de pensar que essa atitude, a qual sofremos consequências até hoje, não é nem de longe a pior delas! Valeu!
Com a colaboração do nosso ilustríssimo ditador dos anos 70 (senão fosse ele seria outro!) é que encontramos a violência das grandes torcidas. A melhora desse quadro tem que começar pela punição. Não sou policial, nem entendo desse tipo de estratégia. Não sei nem errar como esse tipo de coisa deve ser feita. Mas deixemos claro que essa não é a única solução. Se tivéssemos um verdadeiro investimento a educação publica, com certeza metade desses baderneiros violentos que “não tem nada mais para fazer”, teriam mais oportunidades de emprego e qualificação, e menos oportunidades de violência. A conta é tão simples que nem parece verdade. Basta pensarmos na terapia de pessoas com transtornos mentais. Eles são mantidos com a mente ocupada. Porém, o fanatismo patológico não é uma exclusividade brasileira. Agora um sistema de saúde capaz de atender nossa população certamente faria um belíssimo trabalho preventivo. Mas “a copa não se constrói com hospitais, se constrói com estádios”.

Quando eu vejo essa logística distorcida de país (e talvez de mundo), confesso: me sinto bem deprimido.Sinceramente não acredito que um desabafo sincero como esse deverá ser lido por muitas pessoas, até por sua extensão. Mas se você for um dos poucos que não aguenta essa doença social que é a copa do mundo, essas violência urbana que se tornou o futebol, por favor, compartilha esse texto. Sei que com isso não mudaremos o mundo. Mas é extremamente confortável saber que não me encontro sozinho. Talvez quando tudo isso acabar, talvez eu realmente volte a gostar de futebol da forma como eu gostava antes. Até lá, acho que quero embora desse país. Obrigado.

sábado, 1 de junho de 2013

aos extraordinários

Caro leitor,

Escrevo aqui nesse blog para mais uma seção dessa terapeutica desengonçada, porém não fracassada, que mantenho quando me convém. Estava pensando esses dias nas rotulações e estigmas que recebemos. Mas a verdade é que meu vicio não são as festas, o álcool e as mulheres. trata-se apenas de conhecer pessoas extraordinárias. Em alguns momentos me sinto exatamente igual Sal Paradaise no filme de Walter Salles:

""E me arrastei,como tenho feito toda minha vida...indo atrás das pessoas que me interessam...porque os únicos que me interessam são os loucos...os que estão loucos para viver, loucos para falar, que querem tudo ao mesmo tempo, aqueles que nunca bocejam e não falam obviedades mas queimam...queimam...queimam...como fogos de artificio em meio á noite."


Confesso que me vejo transcrito nessas palavras, as vezes. Porém nossa vida não é feita apenas de loucuras e libertinagens. Tenho aprendido a admirar pessoas focadas, responsáveis e disciplinadas, meu momento de vida pede isso. As pessoas podem ser loucas, inconsequentes, podem ser caretas e certinhas. Podem possuir histórias de vida fantásticas por trás de toda aquela forma sistemática e chata de lidar com as obrigações do dia a dia. Ou fazerem poses de falsos cultos e porras loucas por serem óbvios demais.

Meu vicio são pessoas extraordinárias, com brilho. Não me falem de mentiras, falem sobre a fabula de pedro e o lobo. Me ensinem, por favor, sobre o induísmo, ateísmo e caralho a quatroísmo. Me contem sobre a violência sofrida aos seus doze anos ou dos seus amantes. Ou apenas evidenciem suas dificuldades durante o dia a dia, continuando sorrindo
. Mas por favor, me façam aprender. E com isso a admira-los. E com isso, querer escrever mais.


Obrigado pela leitura.