domingo, 23 de dezembro de 2012

O natal e seus valores


O natal tá chegando. Confesso que meu espirito natalino anda zerado. Acredito que sei relativamente pouco sobre o natal. É um feriado da religião cristã e de outras culturas. No cristianismo, sei que falam sobre o perdão. É a época em que as pessoas ficam felizes e deixam a raiva e o ódio de lado. Tudo em um mundo ideal e infantil, claro.



Confesso que tenho achado a raiva um sentimento interessante. Quando bem canalizada, se torna uma valiosa aliada para alcançarmos metas. Que os cristões me perdoem (e vão me perdoar porque é natal!), mas acho que deixar a raiva de lado é uma extrema imbecilidade. Pessoas boas fizeram e fazem coisas boas em momentos de raiva. Inclusive Jesus Cristo.  o/ E isso reforça meu argumento. Ter raiva (de maneira canalizada, claro) é uma virtude. Se papai noel e companhia pensassem assim, talvez o natal fosse mais interessante na minha forma borrada de ver o mundo.


O ódio. Confesso me incomodar com esse sentimento. Acredito que odiar algo ou alguém é perder tempo em primeiro lugar. E tiro o chapéu para os cristões que pensam da mesma forma. Pode ser que desejar "feliz natal" para as pessoas seja uma forma inteligente de dizer " abandone esse ódio" ou "tente não odiar alguém que você assumidamente odeia".


Eu  lembro que uma vez me falaram que perdoar é fácil, por isso as pessoas não o fazem. Concordo que as pessoas não tentam perdoar. Mas não é algo tão simples assim. Talvez a prática leva a perfeição. É só praticar para ver. Porque algo que tem me incomodado é o ódio que as pessoas têm umas pelas outras. Esse ódio escancarado de desejo de mal aos outros de forma direta ou indireta, sempre disfarçado de um discurso politicamente correto. Justificativa de merda. Isso cansa.


Então leitor, obrigado pela leitura. E feliz natal. Hoje e sempre!

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Sonhos de infancia


Caro leitor,
Com certeza vocês já tiveram algum sonho de infância. Eu sonhava com muita coisa. Queria ser jogador de futebol, ser astronauta, ser famoso e ajudar aos “pobres”. Eu tive sonhos mais bobos, como aprender a voar é ter super poderes. Um dos baratos de ser criança é essa capacidade de sonhar, moldar nosso próprio mundo. Tudo era grande, inclusive as tiazinhas pequenas e caquéticas. As praças, as arvores, as pessoas e o mundo eram todos gigantescos perto da gente. Gigantes eram nossos sonhos.
                Quando era pequeno, sonhava com aquela falsa ideia deque todo mundo poderia ser feliz. Achava que quando meus pais entregavam dinheiro para flanelinhas, eles estavam ajudando a disseminar a felicidade pelo mundo. Lembro de uma vez que minha mãe nãotinha dinheiro. Fiquei triste o dia inteiro. Talvez foi pelo choque de realidade, ou talvez seja fruto dessa sociedade capitalista que dissemina essa ideia de que dinheiro é felicidade. Não importa. Não estou aqui para discutir o sexo dos anjos. Hoje em dia entendo (um pouco) melhor como as coisas funcionam. Dar dinheiro a quem pede não significa ajudar tanto. O que ajuda é a formulação de leis e políticas públicas. Demorou muito até entender que meu sonho em ajudar aos menos favorecidos passa por isso.
               
Caro leitor,
                Estou vivento um momento especial. Ando pelas ruas. Vejo meu rosto estampado por todos os cantos.  Estou “famoso”. Da maneira certa e saudável. Sem falsos amigos, sem dinheiro e fama propriamente dita. Parece até sonho de infância.


                Um sonho de infância já foi realizado. E se tudo der certo, realizo outro. Da minha maneira torta e distorcida de enxergar as coisas. Parecendo uma criança. E para isso terei que sair da minha rotina, da minha zona de conforto. O desafio tá ai. Agora é fazer as coisas acontecerem.

Obrigado pela leitura!

sábado, 13 de outubro de 2012

Claustrofobia Social


     Algo me incomoda.Sempre fui muito transparente. Atualmente vejo isso muito mais como um defeito do que uma qualidade. Não por mim. Mas por esse mundo maluco que vivemos. Essa sociedade que cultua as aparências.Talvez o problema seja eu mesmo. Não sei.
     Fato é que se expor em um blog tem parecido muito mais estupidez do que coragem. Lembro de quem já me disse algo parecido. Mas tudo tem seu lado positivo, caro leitor. esse ano, quando pensei em parar de escrever, soube que um dos meus textos virou tema de aula no Rio Grande do Sul. Confesso que coisas assim me motivam. Pura vaidade, talvez.
     Ter um blog pode ser visto como uma terapia gratuita e uma aproximação da Arte.
      A Arte. Escrita com letra maiúscula. Nome próprio. Se deus existir, ele é é antes de tudo um artista, um gênio. Ou a Arte é criada pelo homem? Preguiça de pensar nessas coisas...assim como a arte salva, o preconceito mata. Vejo pessoas morrendo em minha volta. É difícil de tolerar.
    As vezes sinto que vivemos em uma falsa democracia em que as pessoa até conseguem (com muito esforço, as vezes) se expressar, opinar. Mas no final das contas são oprimidas pelos falsos democratas que enchem a boca de preconceitos e de pseudointelectualismos para te sufocar. Achoque existe uma certa claustrofobia social. Mas eu tenho meu blogzinho. Meu espaço.
   Obrigado pela leitura!


segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O primeiro poema


Ele tinha 14 anos e estudada em uma escola católica. Dessas ai que dizia se preocupar coma formação do individuo e nos valores franciscanos. Nunca tinha acreditara nisso. Ou nunca havia pensado a respeito. Cursava a oitava série. E naquele dia foi a escola em turno contrario fazer uma prova de redação. Sabia que iria ter que escrever um soneto. “Mas o que a gente aprende escrevendo um soneto? O que posso tirar disso para minha vida?”. Lembro desses questionamentos imaturos. E lembro da sensação que eu sentia quando começara a escrever; A de que seria um bom poema. Achei esse soneto recentemente na minha gaveta de objetos perdidos. E precisava compartilhar.

Soneto da esperança

Algo que nos fascina e encanta
Sentimentos que iludem, mas que a gente ama
Amamos por iludir e nos iludimos
Simplesmente por amar

(cara, o que isso quer dizer?)

Amar é mesmo tudo?
Amor não correspondido
É como lágrimas que saem de um rosto perdido

Lágrimas de tristeza, ou de esperança
a gente aprende a ser feliz
como uma criança

Não devemos perder a confiança
Acreditar sempre na alegria
e ter sempre esperança.


Pobre adolescente rejeitado...Hoje em dia vejo e acho bem brega. No entanto leitor, confesso: gosto da ultima parte. E agora sei que foi através da escola que tive meu primeiro contato com a arte. E agora posso concordar em dizer que isso ajudou a me formar como indivíduo. Ainda que de forma sutil.
Obrigado pela leitura!

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

On the road

Falas transcritas do trailer do filme.

"E me arrastei, como tenho feito toda minha vida...indo atrás das pessoas que me interessam...porque os únicos que me interessam são os loucos... os que estão loucos para viver, loucos para falar...que querem tudo ao mesmo tempo, aqueles que nunca bocejam e não falam obviedades mas queimam... queimam... queimam como fogos de artificio em meio á noite."
(Sal Paradise)

"Não sei o que há de errado comigo. Faço coisas estúpidas e penso de maneira distorcida. Não quero me consumir como chama."
(Dean Moriaty)

Acredito que em alguns momentos todos fazem o mesmo que Sal Paradise. Vão atrás dos loucos, talvez por se contagiar com a energia deles.
Acredito que em alguns momentos todos se veem como Dean. Alguém diferente dos padrões convencionais,torto e errado.


Tentando adaptar o que trazem esses dois personagens a nossa realidade, as vezes o que queremos é estar aberto á loucura. E nos consumir como chama. Mesmo que por alguns segundos.

Obrigado pela leitura!

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Dejavu


                -Fica só mais um pouco...
A fala dela lembrava levemente aquela cena que ele gostava tanto: 
http://www.youtube.com/watch?v=V0eG0O9qNB4
A realidade era muito menos dramática que o sonho de Teddy com Dolores. Diferente do sonho, ele insistia em ir embora. Era o momento certo.
                -Você precisa pensar...
                O envelope roxo, aquelas palavras...as paredes pintadas daquele tom avermelhado e a certeza de que aquilo era o melhor para o momento.
                Envelope Roxo...

Toda aquela pertubação incomum começara a partir daquele envelope. Ele tremeu e por alguns instantes seus olhos ficaram vazios. Tinha voltado a lembrança de um sonho que tiveram uma vez. Mais um daqueles sonhos esquisitos e mal  explicados. Sonhara com uma garota com aqueles cabelos tão característicos. Estava frio.
                -Você precisa pensar.
                Seu subconsciente lhe pregava uma puta peça. Já havia sonhado, não se sabe quando, que  entregava um envelope a aquela garota. Um envelope roxo. E ao acordar daquele sonho, havia estranhado a forma como pareceu real.
Deve ser isso que as pessoas chamam de dejavu. Era uma sensação assustadoramente encantadora. Daquelas que te fazem arrepiar toda vez que você lembra.
Obrigado pela leitura.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Pecado capital


Tão forte é a gula e o desejo do homem na hora de consumir batata com bacon. Tão fraco e gordo e pobre ele se sente depois.

Maldita é a gula que me assombra diariamente.

E aquele que não tiver pecados, que atire a primeira pedra. De preferencia nesse blogueiro obeso.



Hey, obrigado pela leitura. (: 

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Teoria do Caos


Era uma vez um cachorro. Um belo dia ele resolveu atravessar a rua. Nessa hora estava passando um carro. Pai, mãe, filha e avó viajavam por uma estrada. O motorista fez a curva. O carro capotou e caiu de uma ponte (não me pergunte como!). A filha e avó, no banco de trás morreram na hora. A mãe morreu afogada. Ele sobreviveu. Pelo menos foi o que me disseram.

O acidente aconteceu a exatos oito anos atrás. Engraçado essa tal de teoria do caos. Se o cachorro não tivesse atravessado a rua, se o motorista não tivesse visto o cachorro, se eu não tivesse memória e um blog, vc leitor não estaria lendo esse texto. Isso me faz pensar no grande reflexo proporcionado por nossas pequenas ações. “o bater de asas de uma borboleta pode provocar um tufão do outro lado do mundo.” Ainda bem que existem filmes para explicar teorias.

Fato é, pensamos nas infinitas possibilidades, nas ironias da vida. Mas talvez o mais saudável seja não pensar. Eliminar o “e se”, substituindo por “é”. E focar no agora. Se conseguir isso leitor, por favor me ensine como. E a aquele pai, motorista do carro, espero que tenha conseguido reconstruir sua vida. Obrigado pela leitura.

domingo, 6 de maio de 2012

"E a loucura finge que isso tudo é normal"


Brindo o leitor com uma pequena parte das minhas reflexões a respeito da minha experiência na psiquiatria. Penso que todas essas questões abaixo podem (e devem) ser aprofundadas. E para isso conto com vocês que estão lendo.
(...)
As experiências de maior contato com o paciente me fizeram refletir a respeito daquilo que chamamos de loucura. A loucura, que segundo o senso comum, pertence sempre aos outros e nunca a nós mesmos. Já me disseram uma vez que o louco é aquele que foge da realidade. A diferença entre o artista e o louco é que o artista consegue fugir e voltar. O louco permanece onde esta, sem conseguir se encaixar em padrões pré estabelecidos. Talvez, em alguns momento de nossas vidas, em situações de intenso sofrimento, como por exemplo a perda de algum ente querido, invejamos os loucos por permaneceram em seu estado de alienação e indiferença.
Com o tempo, não consegui enxergar o perfil dos loucos e sim pacientes psiquiátricos. Todos que estavam ali se relacionavam de alguma forma com a realidade. Seja em gestos simples como responder pelo próprio nome ou estender a mão para apanhar o medicamento.
Em contra partida, testemunhamos muitos profissionais que demonstraram o desejo de uma evasão daquela realidade vivenciada. (...) Não podemos apenas culpa-los. Trabalhar em um hospital psiquiátrico nos faz questionar a respeito de quem precisa ou não de tratamento.
Questiono a respeito da definição de loucura. Talvez não haja cabimento a utilização do termo, visto que todos possuem momentos de alienação para com a realidade. Cabe nesse momento citar a famosa frase de Caetano Veloso: “de perto ninguém é normal”. Somos todos potenciais pacientes psiquiátricos, e em alguns momentos loucos.
(...)
Talvez alguém que esteja lendo esse blog ou a outros blogs só esteja buscando momentos de evasão da sua própria realidade. Assim como eu no ato de escrever. De qualquer forma, obrigado pela loucura!

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Discurso de aniversário III


Quando entrei na enfermagem, eu não sabia exatamente o que fazer, porque fazer ou como fazer. Mas sabia que tinha que fazer. Talvez até para conhecer melhor minha própria cidade e seus habitantes. Agora, provavelmente estou na reta final do meu curso. Ainda não sei o que fazer, o porque fazer. Sei que preciso fazer.  Sei que preciso terminar o curso.Mas ando perdido...

To numa fase em que o futuro parece uma equação matemática complexa e desafiadora. Sinto, diferente de outros momentos, um potencial enorme dentro de mim. E um pouco ainda de falta de foco para aproveitar esse potencial. Deve ser isso que alcançamos com a maturidade: foco para aproveitar nosso potencial. Talvez seja por isso que os experientes são, de maneira geral, mais felizes. Talvez essa tal de experiência seja útil mesmo. Nos faz aproveitar melhor nosso potencial...Daqui a uns 20 anos talvez eu vou saber como é.

A questão é...hoje comemoro 22 anos. Não posso me dizer completamente feliz, até porque felicidade completa é utopia. Sempre precisa haver algum conflito. Ando mudando algumas atitudes, me sentindo bem com isso. Quando mudamos algo significativo em nossas vidas conhecemos novos “eus” fantásticos e surpreendedores.  É um tipo de potencial que temos e não sabemos, nem sequer exploramos. E a mudança acarreta também em perdas. Até porque o caminho certo não é sempre o mais fácil (frase dita pela velha arvore do pocahontas!).

Caro leitor, aqui escrevo a respeito de nossas escolhas. Daquilo que escolhemos por acreditarmos nos fazer crescer, seguir em frente. Mesmo que inicialmente não pareça ser tão bom assim.
Caro leitor, aqui escrevo como uma forma de continuar a pedir forças. Para continuar sendo o que sou hoje. Continuar desfrutando disso. E continuar almejando esse crescimento constante.
Caro leitor, aqui escrevo tentando descobrir, se o tanto que aprendi nesses 22 anos corresponde com aquilo que tento passar através das minhas atitudes. E esse é o desafio.
Caro leitor, simplesmente tenho que te agradecer! Por mais uma leitura!

sábado, 7 de abril de 2012

É o Rei leão ensinando a gente!


Esses dias estava passando esse desenho na televisão. Rei Leão é sem duvida um dos primeiros e mais geniais desenhos que a disney já inventou. Gosto dessa cena como um todo. Além de divertidíssima, existem alguns trechos que nos fazem pensar para valer.
Algumas delas valem a pena destacar, principalmente depois de 4:30 de vídeo.
-Quer dizer que você é um babuíno e eu não! (frase dita pelo Rafik logo no começo. Eu fico rindo horrores disso! haha!)

Simba em crise existencial...
-É, o passado pode doer. Mas do jeito que eu vejo, vc pode fugir dele, ou aprender com ele!
Depois disso, Simba desvia do golpe, pegar o bastão e joga para longe. Ele apendeu com o passado. Não só evitou a dor como também garantiu não apanhar mais. Em seguida, volta para ser rei! Vai Simba! Ser rei nessa vida!

Televisão e desenhos em excesso não valem muita coisa. Mas Rei Leão sim vale a pena rever. Esquecendo é claro, todo aquele papinho das mensagens subliminares.
Obrigado pela leitura.

sexta-feira, 30 de março de 2012

As 4 leis do espiritismo ensinada na Índia.


Talvez esse post seja uma resposta, provocativa, a algo que tenho passado ou alguém. Não importa no momento. As próximas linhas vão dizer o porque...

Ando convivendo com perdas e com a necessidade de fazer escolhas. Essa semana, talvez tenha me surgido uma oportunidade profissional interessantíssima, que requer a “perda” de mais um ano na faculdade.

Muita informação, duvida, perda para pouco Pato. Em outros momentos eu contaria com outros amigos. Mas as nossas escolhas as vezes nos pregam peças...
Até que, não por acaso, um outro amigo começou a falar a respeito da filosofia hinduista. Falou a respeito das 4 Leis da Espiritualidade ensinadas na Índia.

A primeira diz: “A pessoa que vem é a pessoa certa“.

Ninguém entra em nossas vidas por acaso. Todas as pessoas ao nosso redor, interagindo com a gente, têm algo para nos fazer aprender e avançar em cada situação.

A segunda lei diz: “Aconteceu a única coisa que poderia ter acontecido“.

Nada, absolutamente nada do que acontece em nossas vidas poderia ter sido de outra forma. Mesmo o menor detalhe. Não há nenhum “se eu tivesse feito tal coisa…” ou “aconteceu que um outro…”. Não. O que aconteceu foi tudo o que poderia ter acontecido, e foi para aprendermos a lição e seguirmos em frente. Todas e cada uma das situações que acontecem em nossas vidas são perfeitas.

A terceira diz: “Toda vez que você iniciar é o momento certo“.

Tudo começa na hora certa, nem antes nem depois. Quando estamos prontos para iniciar algo novo em nossas vidas, é que as coisas acontecem.

E a quarta e última afirma: “Quando algo termina, ele termina“.
Simplesmente assim. Se algo acabou em nossas vidas é para a nossa evolução. Por isso, é melhor sair, ir em frente e se enriquecer com a experiência. Não é por acaso que estamos lendo este texto agora. Se ele vem à nossa vida hoje, é porque estamos preparados para entender que nenhum floco de neve cai no lugar errado.

Então leitor, não se questione tanto a respeito das suas escolhas nem lamente suas perdas. É como as coisas devem acontecer. Tente eliminar o “e se” do seu vocabulário. E se conseguir (claramente o autor do texto ainda não conseguiu), me diga como. Seguimos tentando.

Obrigado pela leitura.

terça-feira, 27 de março de 2012

E o tempo?


Escrever a mão exercita as ideias a fluírem e é bem mais agradável. Penso sobre o tempo. Desprendo do computador, aumento o volume do som. Concentro naquelas musicas que falam do tempo. Vivemos a falta do tempo. Tempo, meu grande desafeto atual. Risco frases, me disperso. Já não tenho esse mais esse tempo...

É mais um dia que se inicia. Corre! Você está atrasado! Dirige rápido! Você precisa chegar a tempo. Termine de fazer tudo rápido. Sua lerdeza prejudica os outros. Não faça tudo tão certo. Assim vc perde tempo. Pare de pensar tanto, já deveria ter respondido a muito tempo. Você vai ao banheiro? Acha que vai dar tempo? Descansa rapidinho, estamos com pouco tempo.

Hey, não escreve naquele seu blog idiota, perda de tempo!
-E se por um acaso eu pedir algo diferente para alguém? Algo para sair da rotina, tipo uma carta?
Não, não vou te escrever uma carta, não tenho tempo...

Talvez esse cinismo seja inimigo desse tempo.

Então leitor, feche essa janela, vá fazer coisas importante. Esse texto é uma grande perda de tempo. Assim como nossas vidas.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Mãos frias.

Caro leitor,

Em toda minha vida, sempre me considerei muito transparente. E assim como cada um de vcs, tenho comportamentos bem próprios meus. Um deles está ligado a temperatura das minhas mãos. Já ouvi falar em curso para energização das mãos. Pode até parecer ridículo a primeira vista. Mas há muitos ramos da saúde e muitas culturas que acreditam que mãos frias é um sinal de problema. Se não me engano o reiki acredita nisso. E talvez, eu acredite. Porque ao longo da minha vida, minhas mãos sempre estiveram constantemente frias enquanto eu vivenciava uma sensação semelhante a algum tipo de perda. Quando falo de perda, falo no sentido genérico. Perda da inocência, propriamente dita.

Acontece que esse ano, decidi crescer. Virar mais homem em 2012 e menos menino. Em determinados momentos, a vida ensina isso a gente. Outro dia li sábios dizeres sobre a vida. 'Aprendi a amar menos, o que foi uma pena, e aprendi a ser mais cínica com a vida, o que também foi uma pena, mas necessário. Viver pra sempre tão boba e perdida teria sido fatal. ' (facebook de Daniela Carauta, haha!).

Talvez seja essa a meta. Ser mais cínico com a vida. Então decidi tomar algumas decisões drásticas, para um bem maior. A primeira delas é tentar priorizar o meu (provável) ultimo ano de faculdade. Isso inclui abrir mão de atividades que possam me tirar do foco (como o futebol de madrugada que eu tanto gostava) e outras coisas que nem vale a pena citar. Deixo claro, isso não inclui deixar de me divertir ou de fazer atividades prazerosas. Voltei ao teatro por acreditar que é uma atividade que me faça manter o foco, além de moldar e consolidar muitos conceitos que tenho sobre a vida.

Nessa tentativa de mudar alguma coisa ganho muito. E perco muito. Toda perda reside de um luto. Atualmente me questiono se meu luto é real ou irreal. Essa semana, pela primeira vez em minha vida, uma paciente que eu cuidava veio a falecer. Hoje testemunhei uma tentativa mal sucedida de reanimação cardíaca. E nessas horas, confesso sentir uma saudade de voltar atrás e voltar a ser menino. Mas a vida não deixa. O mundo não deixa. Talvez nem as pessoas que me cercam deixem.

Crescer dói tanto porque perdemos muito ao longo do caminho. E surpreendentemente, no momento em que me vejo mais ‘enlutado’, vejo minhas mãos quentes. Para os religiosos, esse deve ser um sinal divino que me motiva a seguir em frente. Para os céticos, isso é só um sinal de que estou no caminho certo. Mas eu sinceramente prefiro acreditar que essa é uma tentativa muito bem executada do meu corpo de enganar minha mente a não se lamentar tanto e seguir em frente. Porque não estamos falando apenas de perdas. Estamos falando de crescimento.

E assim tento continuar seguindo. Crescendo. Mantendo o calor em minhas mãos.

Hey leitor, obrigado pela leitura!

segunda-feira, 5 de março de 2012

Voltei a fazer teatro. Um curso de desbloqueio criativo a partir de técnicas teatrais. Sabia decisão para quem se considera carregado de tanto trabalho. Desfocar para se manter focado. E ainda se surpreender consigo mesmo. É essa a ideia. E como eu já esperava, me diverti muito.

Durante o exercício, foi permitido que escrevêssemos. Talvez por conta disso que estou aqui. Houve um exercício me deixou bastante intrigado. Olhar para um colega desconhecido, o descrever e fazer suposições a respeito dele. Já havia feito isso antes, várias e várias vezes. Por um simples habito de gostar de observar as pessoas. As suposições que eu fazia/faço, não passa da minha imaginação querendo brincar de adivinhar as coisas. Então foi muito fácil falar o que achava. O difícil é ouvir o que acham de vc. Não que seja exatamente doloroso, mas vc fica com uma puta vontade de falar se aquele que te descreve acertou ou não. Interessante saber as primeiras impressões que alguém tem de vc. É diferente, por exemplo, de quando alguém te acusa de algo. A acusação dói. Tendemos a odiar acusadores e, ao mesmo tempo acusamos sem perceber. Ando tentando esquecer julgamentos e acusações. E tento julgar menos também, o que é fundamental. E assim segue a vida.


Obrigado pela leitura!

quinta-feira, 1 de março de 2012

Talvez, e só talvez

Talvez, se pudéssemos resumir as relações humanas em palavras, escreveríamos mais textos, crônicas e livros. Talvez, em nossos supostos livros, encontraríamos as ultimas paginas em branco. Assim poderíamos escrever e reescrever o que quisermos quando fosse conveniente.Talvez em nossas histórias não haveriam pontos finais.Talvez, e só talvez, não me questionaria a respeito do emprego do ponto final. É que gramática nunca foi o meu forte.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O estagiário, o leitor e o cabelo.

Era quase meio dia. E aquele simples estagiário terminava de examinar o paciente. Estava atrasado como (quase) sempre. Tentou ser o mais atencioso possível apesar da pressa. Fazia parte da sua conduta. Quando ia embora, foi abordado pelo paciente do lado.
-Doutor!
Já havia se acostumado com tal titulo. Vestir jaleco em um hospital e apresentar uma boa capacidade de se comunicar valia o doutorado por osmose. Bendita(leia-se maldita, talvez) seja essa imagem passada para sociedade. O paciente que o chamava era bastante jovem, poderia ter a sua idade. Estava com a voz baixa, parecendo deprimido. Era como se chamar o “médico” fosse motivo de algum constrangimento...
-Pois não!
-É que eu vou receber alta amanha...mas é que meu cabelo tá caindo...e eu queria cortar ele porque tá muito feio... Perguntei para enfermeira, ela pediu para eu falar com um médico.
-Olha, eu sou só estudante...mas com que enfermeira vc falou? (Nesse momento a insegurança bateu. Será que havia alguma contra indicação de raspar a cabeça para pacientes com câncer?)
-Com aquela que aplica a medicação...
Mistério solucionado. O Paciente havia perguntado para uma técnica de enfermagem, não uma enfermeira. Essa categoria não possui o diploma de ensino superior, o que não retira sua importância e competência dentro dos hospitais. Provavelmente perguntou para alguém novo no setor, que não queria se responsabilizar por nada de errado. Sensato da parte dela passar a bola para o médico.
Ele demorou muito pouco tempo para pensar em tudo isso. As vezes se impressionava com sua rápida capacidade de fazer suposições. E naquele determinado momento, se sentiu estupidamente inseguro de apresentar uma resposta pronta.
-Vou só dar uma conferida...mas acho que não há nenhuma contra-indicação...
-É porque como eu vou ter alta meu cabelo tá caindo muito. –Nessa hora o paciente retirou a toca e mostrou como estava sua cabeça.- e sair assim na rua é muito feio...

O paciente se mostrava preocupado com sua aparência. Parecia estar bem triste de mostrar a cabeça, como se aquilo fosse um apelo. Repetira a mesma informação duas vezes em um curto espaço de tempo. Era um apelo. Eles continuaram a conversar, principalmente sobre o motivo da internação. O estagiário observou um livro em cima da cama do paciente. Já havia folheado aquele livro antes em uma livraria. Despertara sua curiosidade na época.
-E que livro vc tá lendo? Ele é bom? Eu quase o comprei uma vez!
-Pouxa cara, é muito bom! Já li quase 600 paginas só nesses dias que estava aqui...to gostando demais!

A atitude do paciente mudou. Esboçou um sorriso. Se pareceu mais disposto a pegar o livro e mostrar ao estagiário. Ao foliar aquele livro pela segunda vez, ele ressaltou como um meio de entretenimento para quem estava lá. De repente notava que todos pacientes e acompanhantes do quarto observavam a conversa de ambos. Conquistara a simpatia de todos daquele quarto, quase sem querer. Mas precisava voltar a realidade. Ainda havia trabalho a fazer. Se despediu de todos e saiu do quarto educadamente. Encontrou uma de suas chefes enfermeira. Não poderia deixar de perguntar...aquela resposta valia muito.

-Não há problema nenhum em um paciente com câncer raspar a cabeça...
Para perguntas idiotas, não há tolerância. Optara por ser um idiota sensato a um arrogante inseguro. Sabia decisão.
Voltou ao quarto. Lembrou que estava com a barba grande. “Uns com tantos, outros com tão pouco.” A frase também vale para o cabelo. Chamou o leitor pelo seu nome.
-Me faz um favor? Me indica o lugar onde você for cortar o cabelo! É que eu preciso tirar minha barba.

A leitura aumenta nosso poder de interpretação. E para um bom entendedor, meia palavra basta. A felicidade de poder raspar o cabelo estava explicita nos olhos do paciente. E a forma como isso foi passado para ele, humildemente falando, deu um brilho especial a situação. Era um riso alegre. Meio engasgado, mas alegre. Como estivesse rindo após muito tempo. E para o estagiário, era um tipo de realização profissional. Vindo logo aquele estagiário que não queria estar naquele hospital. Vindo logo aquele estagiário que não queria estar naquele andar.
“O esquema não é escolher o que gosta. É gostar do que está fazendo. E assim nos permitimos aprender e viver momentos especiais”.
Obrigado pela leitura.