segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Ato médico

Deferia ser contra. Porque faço enfermagem. Se fizesse medicina, obvio; deveria ser a favor. Afinal não é o que acontece?!
Tento me distanciar do que faço e analisar a questão buscando a neutralidade. Vejo posicionamentos extremamente polarizados.
Eu fico pensando se em meio a esse embate fosse comprovado que algum lado estivesse certo. O lado errado abriria mão de seu posicionamento?
No meio em que estou, dizem que os médicos são centralizadores e individualistas. Do “outro lado” dizem que as outras profissões da área e da saúde querem assumir responsabilidades que não as competem, porque no fundo querem ser médicos. É o bem contra o mau. Só não me disseram de que lado estou.
Eu vejo ódio disseminado em meio a esse conflito. Mas uma parte (provavelmente muito ingênua) minha acredita no bem das pessoas. Torço para que essa irracionalidade escancarada seja filho abortado do amor daqueles que defendem suas profissões “com unhas e dentes”.
Pensando assim, talvez eu consiga ser otimista. Pensando assim, talvez eu comece a entender que esse sentimento una e não separe todos. Pensando assim, talvez eu entenda melhor as o efeito das loucuras do amor. Num âmbito profissional, obvio. Não me peçam para estender essa parte especifica da reflexão para outros setores; acho que não dou conta.
Essa loucura, como foi dito, beira a irracionalidade. E fazem ambos os lados falarem do paciente. E esquece-lo ao mesmo tempo.
Vou sobrevivendo em meio a esse caos, desejando, do fundo da minha alma, debates e aprofundamento do tema. De ambos os lados. De forma cordial e respeitosa. Seria possível (?)

Alguns anos atrás eu dizia que debates políticos eram meras burocracias e eternos faz de conta ou que não levavam a lugar algum, porque nenhum “dos lados” iria ceder. Hoje me pego desejando um pouco mais dessa burocracia.  Não para se chegar a uma nova conclusão. Mas numa tentativa de racionalizar o “irracionalizavel”. E me fazer não querer mais ficar alheio a tudo isso.

3 comentários:

  1. Não há certo e errado em uma disputa politica.

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  2. Na verdade, essa disputa não é bem política... Então, há, sim, certos ou errados, mas cada um vê os seus... E, claro, não se muda de opinião, mesmo com a comprovação de que se está errado. Como eu dizia, essa disputa, non-sense total, não é política. É uma disputa de egos. Dizer que alguém de outras áreas da saúde sente inveja e que gostaria mesmo era de ser médico(a) é de uma leviandade ímpar, embora haja casos de pessoas invejosas, sim, claro. Só acho que você está certo em suas opiniões quanto a buscar a neutralidade, mas o FATO é que você pertence a uma das áreas, não que você TENHA A OBRIGAÇÃO DE TER UMA OPINIÃO FIXA OU ESCOLHER UM LADO. Se manifestar suas opiniões lhe farão perder amigos, é porque você nunca os teve.

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  3. Meu caro, a disputa não é política no sentido de "política-partidária" (PSDB x PT, etc.), mas política no sentido de referir-se ao público, ser uma disputa jogada nos termos do que é público: o lugar da disputa é o Estado, entidade política por excelência, no qual se disputam leis de regulamentação de profissões, políticas públicas para a regulação da atuação de profissionais de saúde, etc. São grupos distintos, nos quais se incluem não só médicos e outros profissionais da saúde mas também interesses de próprios agentes de Estado (governo e oposição), que lutam politicamente pela prevalência do SEU lado. Isso é política, nisso não existe certo ou errado, existe mais poder ou menos poder.

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