segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

"O velho e o moço"

Havia um velho no meio da praça.

Em dias normais, o garoto teria reparado em seu sorriso espontâneo e cativante. Em dias normais o garoto teria sorrido de volta, dado bom dia e seguido meu próprio caminho.

Porém aquele não era um dia normal. Os dias estavam chuvosos, o cansaço o deixava atordoado. A juventude cativante daquele jovem escritor parecia ter ido embora. Não via graça no natal, ano novo, amigos, família ou sequer namorada. Não via graça no futebol ou na sinuca. Passava a odiar o gosto amargo de cerveja, seja nos bares ou acompanhado do videogame, velho companheiro de dias solitários.

A teoria dos imprestáveis foi seu único lapso de inspiração naqueles dias afro-decedentes. “Eu não presto, você não presta. Ninguém desse mundo presta! Apenas conseguimos reciclar alguns imprestáveis constantemente com nosso olhar. E são esses imprestáveis reciclados classificamos como amigos, familiares e namorada (o).” Recebeu alguns retweeters e vários unfollows depois do polêmico post via twitter.
Andava pelo parque sozinho em busca de distração. Andava querendo colocar a cabeça no lugar e se focar para terminar bem o ano. Sentiu indiferença ao passar por aquele senhor, sentado no banco da praça.

De inicio, sequer havia reparado naquela voz que vinha do mundo exterior.

- Hey rapaz, só um minuto, por favor!
O jovem interrompido de seus pensamentos pessimistas passou a concentrar sua atenção no velho.

-Quando alguém lhe der bom dia, responda!
Antes que o jovem pudesse se explicar, o velho o interrompeu.

-E sorria, mesmo que não tenha o porque sorrir.
O velho sorriu, e o jovem reparou que lhe faltava os dois dentes da frente. Riu instintivamente. O velho aprovou a risada.

-Escute rapaz, as pessoas doam aos outros, tudo aquilo que elas podem oferecer. E você é um jovem saudável. Pode até não carregar nada que considera especial, mas carrega consigo ar nos pulmões, sangue em suas pernas e o brilho da juventude. Não importa o quão difícil seja o momento pelo qual passa, não deixe de oferecer aos outros seu sorriso. O sorriso contagia aos amigos, intimida os inimigos e desestabiliza os indiferentes.

O velho para de falar por alguns segundos, buscando sentir o interesse do jovem

-O sorriso é a melhor forma que temos de combater a solidão. Ofereça seu sorriso a um estranho, e ganhe seu dia. Faça como eu. (:

O jovem deu um abraço no velho e seguiu seu caminho. O céu estava cheio de nuvens negras. Uma chuva pesada começava a cair. Mas nada disso importava. O jovem enxergava apenas sol.

Obrigado pela leitura! espero poder voltar a escrever com frequencia.

5 comentários:

  1. Que bonito! *-* Acho que todos nós passamos por momentos como esse... de dias negros, os quais nada tem o seu valor real. Acontece... Mas eu continuo sorrindo, pelo menos tentando :B
    Tiau.

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  2. Quando começo a ler textos como esses, me pergunto se esses acontecimentos são baseados em fatos reais ou não...Mas, na verdade, o que importa? Se são ou não reais, se são reais com acréscimos de fantasia, emoção, ou seja lá o que for? A mensagem que deve ser retirada para reflexão não é apagada, muito menos diminuída se o relato for uma crônica imaginada, pelo menos eu penso assim...E esse relato especificamente tem muito, muito a nos dizer, as suas linhas e entrelinhas são carregadas de fatos. As vezes pensamos que a realidade em que vivemos é ruim, é injusta...olhemos a nossa volta! Essa é a melhor forma de exergarmos de verdade. Talvez "o velho" fosse quem tivesse reais motivos para deixar-se preencher por tristezas...ou não...mas muitas pessoas não dão valor ao que tem, apenas quando perdem o que ainda vão passar a gostar, ou melhor, amar, ou mais ainda, aprender a dar valor...boa sua história, mas as hstórias que imitam a realidade, as fotografias das letras da vida que passamos para o papel, tem sentido apenas se nos levarem a reflexão e, melhor ainda, a ação, porque o que falta no mundo são pessoas para concretizarem ações...
    SRS

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  3. ahh...mais uma coisa, me esqueci de pergutar, se for possível, por gentileza, gostaria que o autor me respondesse o que quis dizer com "A teoria dos imprestáveis foi seu único lapso de inspiração naqueles dias afro-decedentes"
    Só a título de curiosidade mesmo, responda só se quiser, se não quiser não precisa, até porque estou eu mesma me contradizendo aqui, pois acho que nem tudo que é poesia é necessariamente para ser explicado...!
    SRS

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  4. Oi SRS! Desculpe a demora a responder! eu realmente demoro para olhar comentários sobre posts antigos. Fico incomodado com o fato de vc não se identificar, mas paciencia! ^^

    Obrigado ao elogio...sobre o conto ser real ou fictício, vou deixar que vc mesmo e os outros leitores determinem. A graça das coisas as vezes não saber sua verdadeira origem.

    "A teoria dos imprestáveis foi seu único lapso de inspiração naqueles dias afro-decedentes"

    O termo 'afro-decedente' foi uma grande brincadeira. A expressão certa ali seria "dias negros". E a teoria dos imprestáveis, ela existe. Não sei ao certo se fui eu que criei, afinal tenho minhas inspirações para escrever. Mas ela não é uma verdade absoluta. Apareça mais vezes por aqui!

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