quinta-feira, 15 de março de 2012

Mãos frias.

Caro leitor,

Em toda minha vida, sempre me considerei muito transparente. E assim como cada um de vcs, tenho comportamentos bem próprios meus. Um deles está ligado a temperatura das minhas mãos. Já ouvi falar em curso para energização das mãos. Pode até parecer ridículo a primeira vista. Mas há muitos ramos da saúde e muitas culturas que acreditam que mãos frias é um sinal de problema. Se não me engano o reiki acredita nisso. E talvez, eu acredite. Porque ao longo da minha vida, minhas mãos sempre estiveram constantemente frias enquanto eu vivenciava uma sensação semelhante a algum tipo de perda. Quando falo de perda, falo no sentido genérico. Perda da inocência, propriamente dita.

Acontece que esse ano, decidi crescer. Virar mais homem em 2012 e menos menino. Em determinados momentos, a vida ensina isso a gente. Outro dia li sábios dizeres sobre a vida. 'Aprendi a amar menos, o que foi uma pena, e aprendi a ser mais cínica com a vida, o que também foi uma pena, mas necessário. Viver pra sempre tão boba e perdida teria sido fatal. ' (facebook de Daniela Carauta, haha!).

Talvez seja essa a meta. Ser mais cínico com a vida. Então decidi tomar algumas decisões drásticas, para um bem maior. A primeira delas é tentar priorizar o meu (provável) ultimo ano de faculdade. Isso inclui abrir mão de atividades que possam me tirar do foco (como o futebol de madrugada que eu tanto gostava) e outras coisas que nem vale a pena citar. Deixo claro, isso não inclui deixar de me divertir ou de fazer atividades prazerosas. Voltei ao teatro por acreditar que é uma atividade que me faça manter o foco, além de moldar e consolidar muitos conceitos que tenho sobre a vida.

Nessa tentativa de mudar alguma coisa ganho muito. E perco muito. Toda perda reside de um luto. Atualmente me questiono se meu luto é real ou irreal. Essa semana, pela primeira vez em minha vida, uma paciente que eu cuidava veio a falecer. Hoje testemunhei uma tentativa mal sucedida de reanimação cardíaca. E nessas horas, confesso sentir uma saudade de voltar atrás e voltar a ser menino. Mas a vida não deixa. O mundo não deixa. Talvez nem as pessoas que me cercam deixem.

Crescer dói tanto porque perdemos muito ao longo do caminho. E surpreendentemente, no momento em que me vejo mais ‘enlutado’, vejo minhas mãos quentes. Para os religiosos, esse deve ser um sinal divino que me motiva a seguir em frente. Para os céticos, isso é só um sinal de que estou no caminho certo. Mas eu sinceramente prefiro acreditar que essa é uma tentativa muito bem executada do meu corpo de enganar minha mente a não se lamentar tanto e seguir em frente. Porque não estamos falando apenas de perdas. Estamos falando de crescimento.

E assim tento continuar seguindo. Crescendo. Mantendo o calor em minhas mãos.

Hey leitor, obrigado pela leitura!

Um comentário:

  1. "Antes de ontem,eu queria te escrever. Te falaria sobre minhas mãos. Te falaria que enquanto minhas mãos estiverem quentes, teria um pouco de você comigo. Quando minhas mãos estiverem frias, sentiria saudades. Sinceras saudades."

    Faz muito sentido elas estarem frias, então...

    Uma coerência que só mostra que sim, vc está no caminho certo. E que sim, vc está amadurecendo.

    Há sacrifícios que valem a pena. Na verdade, "tudo vale a pena, se a alma não é pequena". E tenho certeza de que a sua é enorme!

    kisses,
    A.

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